“Síndrome do Fim de Ano”: aumento de ansiedade e depressão acende alerta

Homem pensativo | Reprodução

Com o avanço de dezembro, profissionais de saúde mental em todo o país observam um aumento significativo e recorrente em crises de ansiedade e depressão. Esse fenômeno, batizado no meio clínico como “Síndrome do Fim de Ano”, afeta tanto pacientes já em tratamento quanto indivíduos que não possuem histórico prévio de transtornos.

O pico desses quadros emocionais ocorre, tipicamente, entre o Natal e o início de janeiro, um período que motiva intensos balanços pessoais, confrontos com metas não cumpridas e o peso de expectativas frustradas.

O médico Vicente Beraldi Freitas, consultor em saúde da Moema Assessoria em Medicina e Segurança do Trabalho, explica a dinâmica: “É natural que surjam sentimentos conflitantes. Enquanto alguns se sentem realizados, outros enfrentam frustrações pessoais ou profissionais, o que pode desencadear problemas emocionais”, afirma o especialista.

Várias condições contribuem para o agravamento das crises, incluindo:

Rupturas familiares;
Dificuldades financeiras;
Luto recente;
Pressões no ambiente profissional.

A esse contexto se soma a influência das redes sociais, que frequentemente impõem padrões de felicidade e sucesso irrealistas. Para pessoas com fragilidades emocionais preexistentes, este contraste entre a realidade e o virtual pode intensificar o sofrimento.

Preocupação com Jovens e o Estilo de Vida Moderno

Freitas destaca que o crescimento de casos entre jovens é particularmente alarmante. Ele menciona que o agravamento dos quadros de ansiedade já impactou diretamente a vida profissional, citando demissões motivadas pela piora das condições emocionais.

Os transtornos de ansiedade manifestam-se por meio de preocupações excessivas com cenários negativos e podem gerar sintomas físicos como falta de ar, sudorese e arritmias cardíacas.

O especialista pondera que a pandemia serviu como um gatilho que ampliou tanto a ansiedade quanto a depressão, atingindo mais severamente quem possui menor flexibilidade emocional. Além disso, o estilo de vida moderno, excessivamente focado na virtualidade, é criticado por intensificar o distanciamento de experiências reais e criar expectativas irreais de sucesso.

Prevenção e Suporte no RH

Diante desse panorama, o alerta fundamental é para que famílias, profissionais e empresas estejam atentos aos sinais precoces. Buscar ajuda médica e psicológica é crucial, e o tempo, segundo Freitas, é um “fator determinante” na evolução do quadro clínico.

No ambiente corporativo, ações preventivas têm se mostrado eficazes, como a implementação de programas de bem-estar, grupos de apoio e treinamentos para gestão de conflitos.

A empresa Confirp Contabilidade adota tais políticas. Segundo Rose Damélio, gerente de Recursos Humanos, a estratégia é de suporte constante aos colaboradores. “O RH presta suporte desde a admissão. Quando identificamos um possível problema, aprofundamos o acompanhamento para evitar agravamentos”, explica Damélio.

Apesar da complexidade desses transtornos, os especialistas reforçam que tanto empresas quanto famílias desempenham um papel decisivo no suporte e na prevenção. A atenção e o cuidado podem promover ambientes mais saudáveis, produtivos e acolhedores, especialmente neste período em que a vulnerabilidade emocional se torna mais explícita.

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